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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

...PARA QUEM INTERESSAR POSSA...

Um Importante e Interessante texto de António Justo














DISTÚRBIO BIPOLAR OU TRANSTORNO BIPOLAR



Antes de começar a falar desta doença devo esclarecer que não existe ninguém sem doença nenhuma. Na definição de doença entram aspectos de convenção social e subjectiva. Aquele que descobre em si a doença de que é portador tem a possibilidade de se tornar menos doente.

Falo desta doença porque já tive amigos que a tinham e a amizade sofreu pelo facto de eu os considerar sem doença nenhuma. Recentemente conheci uma amiga que identifico como ter esta doença. Por isso vou falar da doença na esperança de poder ajudar.

Esta é uma doença muito difícil de descobrir embora a percentagem de pacientes na população oscile entre 1% e 8%, com diferentes graus de gravidade. Familiares e amigos queixam-se mas vão sofrendo com o comportamento de tais pacientes (mudanças de humor) sem qualquer possibilidade de os poder ajudar de facto. Depois de relaçoes muito gratificantes, amizades destroem-se no meio de muita desilusão! Sofre o paciente porque pensa que é normal e sofrem os familiares e amigos porque o tratam como normal: dum lado e do outro um factor comum: a desilusão. O paciente sente-se uma eterna vítima. “A culpa morreu solteira!”

Esta doença pode ser bem dominada se a pessoa passar a ter um comportamento regular, precisando para isso de se tratar, ser ajudado e deixar-se ajudar. Isto é muito difícil porque estas pessoas são muito inteligentes e e interessantes. A criatividade e riqueza de experiências que vivem na fase eufórica leva-os a recalcar a sua fase depressiva.

Muitos médicos não reconhecem a doença porque os pacientes só se dirigem a eles na fase depressiva, deixando na sombra outros sintomas muito importantes, os da fase eufórica. Por isso só 10% a 15% recebem terapia adequada. Na origem da doença está um factor genético além de circunstâncias duma vida estressante que conduz à sua manifestação.

A doença caracteriza-se por duas fases: uma fase depressiva e uma fase eufórica. Na fase Depressiva há carência de Noradrenalin e Sertonin. Na fase eufórica excesso de Dopamin e Noradrenalin.

Sintomas
Dá-se uma oscilação de humor (boa e má disposição) muito extrema. Com o tempo não se chega a notar o porquê da mudança de humor. A uma fase de boa disposição e euforia segue-se uma fase depressiva (dias, semanas, meses, …). Também pode haver fases de mania ou depressão quase ao mesmo tempo. Estas fases de mistura são um peso muito grande para o paciente e para a família e amigos. Distúrbios bipolares não são apenas perturbações de boa ou má disposição. São doenças que perturbam todo o ser do paciente a nível de pensar, sentir e agir.

A doença decorre em episódios de mania eufórica e de depressão em períodos de 4 a 12 meses, sendo a fase depressiva mais longa para muitos.

Sintomas do pólo (fase) eufórico (mania)
São muito activos e inspirados. Sentimento muito elevado de boa disposição exagerada e acompanhada do sentimento subjectivo de grande capacidade de trabalho (criatividade e engajamento). Não têm grande necessidade de dormir e de descansar. Em casos extremos surgem alucinações. Não aceitam ter problemas e falta-lhes o espírito crítico. Falam muito e falta-lhes a distância no trato com outras pessoas, que se deve a falta de inibição social e de senso crítico. Vivem no e do sonho. Têm saltos de ideias de modo que o interlocutor tem dificuldade em segui-los. Começam muitas coisas, muitos trabalhos mas não os acabam. Com grande auto-estima sentem-se ser os melhores; para eles, nesta fase, não há pai! Para levarem um trabalho ao fim fazem esgotar a paciência daqueles que lhe deram o trabalho. São desinibidos e têm a mania de comprar sem olhar às suas possibilidades. Vivem geralmente com as calças na mão. Com o tempo os amigos evitam-nos.Também no exercício da sexualidade exageram, encontram sempre terreno a “desbravar”.Têm grandes ideias, e planeiam continuamente algo mas contentam-se muitas vezes com os planos. Grande sobrestimação de si mesmos que os impedem de aterrar e andar com os pés na terra. Vivem sempre com dívidas devido ao irrealismo e exagerada avaliação de si mesmos. São convencidos e chegam a convencer e entusiasmar no princípio. A desinibição exagerada leva-os ao sentimento de vergonha e culpa na fase depressiva.

Sintomas na fase depressiva
Nesta fase o paciente sente o apagar-se dos sentimentos, dá-se como que um empedernimento e a perca de interesse e energia, que conduzem à tristeza e à ansiedade. Falta de concentração e de autoconfiança, falta de alegria e tristeza, desinteresse sexual e de coisas alegres; cisma e vê o futuro negro. Têm perturbações no sono, por vezes muita necessidade de dormir. Sentem-se incompreendidos pelo mundo que os rodeia (excepção feita a alguns novos que sempre encontra). O exagero de actividade da fase entusiástica levou-o a esvaziar as baterias. Têm falta de apetite e, por vezes, exagero de apetite. Falta de concentração e de atenção, incapacidade de tomar decisões, sentimento de não valer nenhum. Sentem compaixão de si mesmos. Também chegam a ter o desejo da morte e mesmo à tentativa de suicídio. Sentimento de aperto no peito, disenteria ou prisão de ventre.

No caso de fases mistas de mania e depressão, há grande perigo de suicídio pelo facto de possuir ao mesmo tempo impulso acrescentado e de ideias depressivas.

Diagnosticar a doença
O terapeuta para encontrar a diagnose exacta terá de conhecer a história toda do paciente, quer da fase eufórica quer da depressiva. Para isso o psiquiatra precisaria não só de ouvir o paciente como pessoas da sua relação, dado não haver métodos laboratoriais de diagnose. A diagnose é dificultada pelo facto do paciente não reconhecer a fase eufórica como uma fase doente.

Profilaxe
A terapia medicamentosa nunca deve ser interrompida, durante toda a sua vida. O paciente tem de aprender a reconhecer os sinais que anunciam uma fase ou outra. Ainda não há medicamentos que terapiem directamente a susceptibilidade genética. Trata-se de controlar a doença. O método terapêutico depende da gravidade da doença.

No tratamento empregam-se, pelo que conheço, duas espécies de medicamentos: estabilizadores da disposição e medicamentos de intervenção. A medicação só tem efeito completo depois de duas a três semanas. Os medicamentos de intervenção acompanham o paciente durante toda a sua vida.

Na Alemanha emprega-se várias substâncias como medicamentos estabilizadores da disposição: Lithium e os três antiepilepticos: carbamazepin, valproat e lamotrigin. Também se usam neurolépticos atípicos.

Medicamentos de intervenção usam-se na fase aguda da depressão e da euforia. Empregam-se neurolépticos na mania e anti depressivos na depressão, além de remédios para dormir ou sedativos.

Há outras formas de terapia não medicamentosas. Uma delas é a Electroconvulsiosterapia (EKT) no caso de risco de suicídio.

Apoio
Um paciente precisa duma pessoa de relação que o ajude. Esta deveria receber do paciente o encargo de tomar a iniciativa em casos precisos, decisoes importante e administração do dinheiro. Deveria com ela, na fase equilibrada, combinar as medidas que ela deve tomar nos momentos da crise. Esta doença envolve todas as pessoas da relação do paciente. Fundamental é que todos aceitem a doença e o tratamento. Fundamental é o controlo da recepção dos medicamentos. Então passará a haver sucesso. Cada paciente deve tentar descobrir o que melhor o pode ajudar: desporto, arte, etc. Muito importante é o ambiente que se frequenta e que espécie de amigos se tem. A pessoa de relao acompanhante deve porém no esquecer que também ela é doente no podendo escondera sua e projectá-la no parceiro e fixar-se só nos seus vícios sem reconhecer a grandeza que por baixo da doena se esconde.

Pessoas com doença bipolar podem ter fases de necessidade de internamento.

São instáveis e muitas amizades e laços familiares destroem-se chegando por vezes ao desespero. São pessoas de grande capacidade artística e teatral que na fase eufórica dão o melhor de si. Grandes personalidades do mundo da arte e da ciência eram bipolares.

Como a produtividade varia muito, geralmente não se mantém muito tempo no mesmo patrão. Muitas vezes sção exploradas na sua fase mais produtiva. Muitos entram na reforma precoce.

Família
A família deve estar informada sobre a doença para poder ajudar e poder ajudar-se a si.
O paciente precisa de muita compreensão e paciência na fase depressiva. Paciência e compreensão sem o pôr sob tutela. É importante que não se sintam abandonados.

Na fase eufórica o paciente sente muitas vezes os familiares como pessoas que impedem o seu desenvolvimento e realização.

Estes pacientes têm pouco sentido da realidade da vida e fazem grandes dívidas o que complica a sua vida e a dos outros.

Os familiares são os primeiros a notar que algo não está em ordem: a sombra da depressão ou o irrealismo da mania, a fase dos grandes projectos. Surgem problemas de dinheiro e de consumo exagerado.

Na fase depressiva precisam de: Companhia sem intervir. Dar sinal que no caso de necessidade se está disposto a ajudar. Não criticar.

Na fase eufórica: Aqui é mais difícil o acompanhamento porque o paciente geralmente nesta fase não aceita ajuda. Uma possibilidade é mandar cancelar a conta bancária e impedir que malbarate o dinheiro e levá-lo a cortar com influências más. Isto naturalmente causa crise, embora fosse necessário. Importante seria fazer um acordo das medidas a tomar mas antes da fase eufórica começar, o mesmo se diga do tratamento.

Muito importante seria participar em grupos de ajuda para troca de experiências e apoio. É importante o engajamento em comum. Sem o apoio de terceiros é muito maior o sofrimento!

Os pacientes são geralmente muito sociáveis e muito prendados. A energia que desenvolvem na fase eufórica encanta muita gente e é muito enriquecedora. Estão sempre dispostos a ajudar este mundo e o outro, mesmo sem deitar contas à própria vida. Depois não chegam para as encomendas e andam sempre a correr atrás do acontecimento. São muitas vezes explorados por oportunistas que abusam da sua bondade natural e do seu irrealismo. Quando têm são uns mãos largas; não deitam contas à vida. Têm um grande problema com a realidade!

O Transtorno Bipolar chega a ter muitas semelhanças com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), também chamado Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL), o que provoca maior dificuldade de diagnóstico.

http://a-justo.blogspot.com/2009/09/disturbio-bipolar-ou-transtorno-bipolar.html

MARITZA

MARITZA
KATAKANA